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Se Conselho Fosse Bom

“Namoro uma enfermeira. Como continuar a relação no meio da pandemia?”

Karin Hueck

10/04/2020 04h00

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Namoro há dois anos. Ela é enfermeira, trabalha em hospital infantil e em um postinho de saúde. Ela insiste em vir para minha casa pelo menos três vezes por semana. Eu estou em isolamento, tenho 53 anos e ela, 48. É muito arriscado esse comportamento em relação a contaminação ao Covid? Respeitando higienização ao chegar em casa os riscos são amenos? Como as médicas e enfermeiras devem fazer em relação às suas famílias?
– Doente de amor
– Caro Doente de amor
Como não sou nem um pouco qualificada para responder a essa pergunta, fui perguntar para quem é. De acordo com Julia Correa Galendi, especializada em clínica médica pela USP e pesquisadora de Economia em Saúde da Universidade de Colônia, na Alemanha, a sua é uma questão muito difícil, com a qual todos os trabalhadores de saúde estão lidando no momento – sem respostas absolutas até agora. "Todo profissional de saúde tem um risco maior de se contaminar do que o resto da população, mas se a sua namorada não trabalha no atendimento direto de pacientes suspeitos e usa adequadamente todos os equipamentos de proteção, esse risco pode ser reduzido", diz Julia. "Médicos e enfermeiros estão vivendo sob pressão nesse momento de crise, e o convívio com as pessoas amadas pode ser benéfico para reduzir o estresse, desde que fique reduzido ao núcleo familiar." Ao chegar na sua casa, porém, sua namorada deve lavar bem as mãos até a altura dos antebraços, trocar de roupa e lavá-las separado das outras coisas. Todos os objetos que ela usa no trabalho – termômetro, jaleco, cadernos, livros – devem ficar por lá. E o mais importante: se você tiver contato com pessoas do grupo de risco (com problemas de imunidade, com mais de 65 anos, com alguma comorbidade) é melhor cada um ficar na sua casa. Dor de amor tem cura, o COVID-19 ainda não.  

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– Ferido
– Caro Ferido
Entendo que discutir com a companheira na frente dos outros não seja uma coisa legal. Mas também não consigo deixar de detectar um certo incômodo da sua parte pelo fato de ela ser mulher e ter tentando "te calar". O certo a se fazer é conversar com ela quando os ânimos estiverem calmos e explicar que vocês devem resolver as suas diferenças quando estiverem sozinhos – com educação, de preferência. O mesmo vale para você, é claro. 

Sobre a Autora

Karin Hueck é jornalista e escritora. Foi editora da revista "Superinteressante", colaborou para alguns dos maiores veículos do Brasil e tem 5 livros publicados.

Sobre o Blog

Se Conselho Fosse Bom é uma coluna de conselhos sentimentais, existenciais e práticos. Está com problemas no trabalho? Sua família te enlouquece? Não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Mande as suas dúvidas para o se.conselho.fosse.bom@bol.com.br As respostas são 100% anônimas.