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"Socorro, meu marido quer ter filhos, mas eu não quero. E agora?"

Karin Hueck

26/07/2019 05h00

Tenho 31 anos e eu e meu companheiro estamos juntos há 9. Ele sempre demonstrou vontade de ter filhos e eu achava que essa vontade apareceria com o tempo para mim, mas isso não aconteceu. Recentemente conversamos a respeito e expliquei a ele que não quero ter filhos. Ele ficou bastante decepcionado, pediu um tempo para pensar, mas ao final disse que preferia continuar em nossa relação. No entanto, sinto que ele não está bem resolvido com esta situação pois traz esse assunto em discussões, alegando que eu "tomei uma decisão que afeta a vida dele". Sinto que estamos estamos armando uma bomba relógio, mas não quero me separar dele por causa disso. O que devo fazer? 

– Bomba relógio

– Cara bomba

Eu consigo entender o impulso inicial do seu companheiro. Dá medo de encerrar um relacionamento bem-sucedido de um dia para o outro por causa de uma coisa que poderá vir a acontecer um dia – e dá para entender por que ele decidiu deixar as coisas como estão por um tempo. Ao mesmo tempo, ele tem razão: ter ou não ter filhos é o tipo de decisão individual que todo mundo deveria poder tomar por si. 

Você não me parece ser uma pessoa leviana: esperou 9 anos para a vontade de ter filhos aparecer – e nada de ela dar as caras até agora. Não tem nada de errado com essa escolha, mas o ideal é que você tenha ao seu lado alguém que concorde com ela. Infelizmente, acho que você já sabe a resposta. Nada indica que nenhum de vocês dois vá mudar de opinião. O melhor é deixar cada um seguir seu caminho – com ou sem fraldas sujas no meio.

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Minha mãe teve câncer e faleceu há pouco menos de 1 ano. Nao consigo perdoar a minha irmã pela forma como ela agiu durante o período da sua doença. Ela se isolou, não assumiu responsabilidades, não deu apoio emocional para a minha mãe ou dividiu as tarefas comigo e as outras pessoas da família. Sempre fomos próximas, mas não consigo entender porque ela se comportou dessa forma e nossa relação nunca mais foi a mesma desde o falecimento de nossa mãe. Não quero que seja assim para sempre, mas nao consigo perdoá-la e tenho medo de tocar no assunto e nossa relação ficar ainda pior. O que posso fazer?

– Magoada demais

– Cara magoada

Nem todo mundo reage às tragédias da vida da mesma forma. E mais do que isso: também não existe uma única maneira correta de reagir nesses casos. Talvez sua irmã tenha ficado em negação esse tempo todo, achando que sua mãe iria se recuperar. Talvez ela não tenha preparo emocional para lidar com algo tão difícil – nada, por exemplo, indica que ela seria uma ajuda nas responsabilidades práticas. Parece que você, além de estar magoada, também está sentindo a falta da sua irmã e acho que vocês merecem ter uma conversa sincera. Dê mais um tempo para que você consiga encontrá-la sem despejar toda essa raiva. 

Algo me diz que sua irmã sabe que não se comportou da maneira como era o esperado. Lembre-se de que ela também perdeu a mãe. E quem desperdiçou a chance de ficar por perto até o final foi ela, e não você. 

 

A minha cunhada Maria* é um amor de pessoa, não mede esforços pra ajudar ninguém e nos damos superbem. Uns anos atrás, ela saía escondido com um amigo do meu marido, o Felipe*. Ninguém sabia, e eu acho que ela contou só pra mim. Acontece que essas saídas aconteciam enquanto ele namorava outras pessoas. Felipe teve diversos relacionamentos e diversas vezes eles saíram juntos. Eu nunca consegui dizer a ela que reprovava essa atitude. Péssimo, eu sei. Eu simplesmente ouvia, mas nunca conseguir dar aquele puxão de orelha, sabe?

O ponto é que agora o Felipe começou a namorar outra menina, a Ana, que se tornou minha amiga também. E para piorar a Maria começou a namorar também um amigo nosso. E agora a Maria e a Ana também são amigas! Socorro! É muita falsidade pra um ambiente só! 

Eu não sei o que fazer, eu às vezes acho que devo ficar na minha, mas me sinto muito mal com a Ana, por considerá-la minha amiga. Mas também me sinto muito mal com a Maria, pois é minha cunhada. Às vezes em alguma conversa acabamos falando de traição, de como isso é ruim, de que se uma souber de algo do namorado da outra pra contar… E eu só quero chorar nesses momentos. Me ajude, por favor. Não posso contar isso pra ninguém, então não sei o que fazer rs…

– Perdida no meio do rolo

– Cara perdida

Infelizmente, não consigo me compadecer do seu sofrimento. Não me parece que você tentou evitar a confusão – pelo contrário, parece que você ficou esses anos todos apenas preparando a pipoca pra acompanhar os rolos dos seus amigos. Você também nunca deixou claro o que pensava disso tudo: não condenou a Ana (ou o Felipe, que é quem de fato namorava outras pessoas) e fez promessas que você sabia que não ia conseguir cumprir, de delatar as traições alheias. 

Lembre-se que nada disso diz respeito a você. Não sei qual seria o objetivo de contar tudo agora. Ou seja, pode ser difícil ficar quieta diante de tanta "falsidade", mas esse esforço é o mínimo que você pode fazer a essa altura.

*Os nomes foram alterados.

 

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Sobre a Autora

Karin Hueck é jornalista e escritora. Foi editora da revista "Superinteressante", colaborou para alguns dos maiores veículos do Brasil e tem 5 livros publicados.

Sobre o Blog

Se Conselho Fosse Bom é uma coluna de conselhos sentimentais, existenciais e práticos. Está com problemas no trabalho? Sua família te enlouquece? Não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Mande as suas dúvidas para o se.conselho.fosse.bom@bol.com.br As respostas são 100% anônimas.