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Se Conselho Fosse Bom

“Não tenho cabeça para fazer sexo virtual por causa da pandemia”

Karin Hueck

15/05/2020 04h00

Está precisando de um conselho? Mande a sua pergunta para se.conselho.fosse.bom@bol.com.br

Imagem: Pexels

Tenho um relacionamento estável de sete anos. Estávamos bem, planejando comprar um apartamento juntos e, apesar de não morarmos na mesma cidade, nos víamos com freqüência.  Com a quarentena, foi necessário parar de nos ver e a interação passou a ser somente online. Eu faço parte das pessoas que trabalham com serviços essenciais, então mantenho minha rotina, já ele tem a possibilidade de fazer Home Office. Conforme o tempo foi passando, ele tem buscado uma interação mais íntima, com pedidos de nudes e ligações mais eróticas. Mas eu me sinto sobrecarregada com a pandemia, com o excesso de informação, o medo pelos meus familiares, não tenho ânimo para me arrumar e acabo não tendo vontade ou interesse nesse tipo de interação. Ele me diz que sente que estou distante, que isso o machuca e quando conversamos por telefone a conversa de certa forma é "pesada". Eu o amo muito e me sinto extremamente culpada por não conseguir suprir as carências emocionais dele nesse momento e insegura de que isso de alguma forma possa prejudicar o relacionamento.
– Entre o vírus e o nude
– Cara Entre o vírus e o nude
Consigo entender a situação de vocês dois. Você, que tem de sair de casa para trabalhar, com medo diário de ser exposta ao vírus, e todo o cansaço mental que vem junto com isso. E ele sozinho em casa, com saudades da namorada, e muito ânimo para pensar em sacanagem. Acho que vocês dois têm pontos válidos. Mas, acho também que, nesse caso excepcional, a pessoa que está correndo perigo real de ser contaminada deveria poder ditar o ritmo. No caso, você. Explique todos os seus medos para ele, diga as coisas que passam na sua cabeça quando você está trabalhando, as situações que você tem visto na rua, e peça para ele ser paciente porque a sua falta de libido não diz respeito a ele. Estamos no meio de uma pandemia mortal, talvez (espero que) no centro da situação mais incerta que todos nós vamos enfrentar ao longo das nossas vidas. E peça compreensão. (Se achar bom, mande essa coluna para ele.) Ele pode tentar se resolver sozinho, por exemplo. Ou, se você se sentir mais ˜animada˜ algum dia, e com vontade de se arrumar, já aproveite e faça um estoque de nudes ou fotos sensuais para ir mandando para ele ao longo do tempo. 

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Boa noite. Estou precisando de um conselho. Um certo dia fui pegar uma caneta na bolsa da minha esposa e, no meio da agenda de recados, acabei encontrando um papel com o nome de um homem e um número de cartão de crédito (com os dígitos de segurança). Fiquei encucado, mas não falei nada para ela. Comecei a fuçar nos e-mail dela, sem ela saber, e achei entre os anos de 2012 e 2014 uns três e-mails que ela trocou com esse homem a respeito da empresa, já que ele trabalha prestando serviço para a empresa dela. No final dos e-mails, eles se despediam sempre com um beijo. Depois de 2014, ainda achei outros e-mails nos quais eles se despediam apenas com um "att".  Então estou até hoje encucado se levei um chifre ou não. Tem outra coisa estranha também. Quando fazemos sexo, ela parou de me beijar há uns 10 anos. Aí este ano eu  fiquei um pouco nervoso e perguntei por que ela não me beijava mais. Ela respondeu que era por que eu tinha um dente mole na frente e pediu para eu arrumar. Mas esse dente mole não existia dez anos  atrás. Depois disso, ela voltou a me beijar quando transamos.
– Muitos mistérios
– Caro Muitos mistérios
A boa notícia é que você e sua mulher foram feitos um para o outro. Vocês dois têm sérios problemas de comunicação porque, em vez de conversar entre si, preferem guardar informação relevante para o relacionamento por (até dez!) anos. Se você realmente encontrou o nome desse homem sem querer na bolsa dela, é compreensível que tenha ficado curioso em saber por que ela tem os dados do cartão de um desconhecido. O normal teria sido perguntar para ela imediatamente. Fuçar nos e-mails alheios, infelizmente, não é aceitável – e pelo jeito você descobriu apenas que eles trabalharam juntos há anos. (Não crie teorias sobre se despedir com "bjos" ou "att", a maior parte das pessoas oscila as saudações profissionais.) Se você está encucado, pergunte, oras! E não faço a mínima ideia de por que ela tenha parado de te beijar na boca durante o sexo. Ela te beija em outras ocasiões? Por que você demorou tanto tempo para manifestar o seu incômodo? Por que ela nunca falou nada do dente antes? Você já arrumou esse dente? É possível (provável até) que exista um motivo maior por trás dessa falta de beijos, mas, enquanto não fizer as perguntas certas, você jamais vai descobrir.

Sobre a Autora

Karin Hueck é jornalista e escritora. Foi editora da revista "Superinteressante", colaborou para alguns dos maiores veículos do Brasil e tem 5 livros publicados.

Sobre o Blog

Se Conselho Fosse Bom é uma coluna de conselhos sentimentais, existenciais e práticos. Está com problemas no trabalho? Sua família te enlouquece? Não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Mande as suas dúvidas para o se.conselho.fosse.bom@bol.com.br As respostas são 100% anônimas.