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Se Conselho Fosse Bom

“Estou apaixonada, mas acho que não sou boa o suficiente para ele”

Karin Hueck

03/04/2020 04h00

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Seguinte, estou em um dilema. Gosto demais de um rapaz. Tenho 25 e ele 26. Ele já é formado, com pós, carreira bem sucedida e eu nem terminei a faculdade. Ele tem carteira de motorista, carro, casa, vida independente e eu sem carteira,  dependendo de empréstimo todo mês, sem um teto próprio… Ele gosta muito de mim também, mas eu me enxergo inferior a ele. Sinto que por mais que eu possa ignorar a situação até a pedido dele, isso uma hora pode ser exposto em conversas futuras ou nas decisões que tomaremos. Tenho um passado cheio de coisas absurdas, erradas, e ele tem um histórico bacana, sem bagunças. Me sinto, para falar a verdade, uma "vagabunda" pelo que já fiz no passado. Sou a pessoa errada pra ele e tenho vergonha de ser assim e ainda mais entrar na vida dele. Tudo que começo, eu paro. Eu me sinto derrotada demais para começar a fazer o certo agora. Ele é a pessoa certa em um momento errado da minha vida. O que eu faço?
– Muito pouco
– Cara Muito Pouco,
Tem alguma coisa errada nessa história. Como que um homem irretocável e sem defeitos como esse foi se apaixonar por uma mulher tão ordinária como você? Isso não é plausível. Tenho certeza de que você tem incontáveis méritos para ele gostar de você. Todos os problemas que você apontou não aconteceram de verdade e são baseados em situações que você inventou na sua cabeça. Por favor, pare imediatamente de se chamar de "vagabunda". O que foi que você fez antes dele? Transou com muitas pessoas diferentes? E daí? Felizmente, não estamos mais no século 19 para isso ser um problema. A única coisa realmente preocupante da sua carta é a sua baixa auto-estima e o fato de você se sentir "derrotada". Isso pode ser sinal de desânimo ou um quadro depressivo: fique atenta nisso. De resto, você tirou a sorte grande de encontrar alguém que você goste e que também gosta de você. Não se sabote agora e aproveite para ser feliz.

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Descobri por um acaso que minha esposa gasta muito dinheiro com jogos de celular. Há muitos anos percebo que ela é realmente viciada e gasta muito tempo do seu dia com esses joguinhos
. O pior é que ela perdeu o emprego recentemente e ainda não conseguiu se recolocar. Nosso casamento já está na "corda bamba" há algum tempo por vários outros motivos mas o descontrole financeiro e o fato de ela muitas vezes realizar empréstimos sem me consultar é um dos motivos recorrentes de nossas brigas. Sempre mantemos nossas contas separadas e eu normalmente fico com as contas mais pesadas. Ela vive dizendo que não sobra dinheiro para ela e reclama muito quando eu peço que ela contribua mais com o futuro financeiro de nossa família. Se eu revelar que estou ciente desses gastos, acredito que será a nossa última briga. Será que devo ir em frente?
– Equilibrista
– Caro Equilibrista
O seu problema é muito maior do que os simples joguinhos de celular. A sua mulher parece não ter nenhum tipo de educação financeira, e as decisões erradas que ela toma acabam respingando em você – como os empréstimos escondidos: se ela ficar sem dinheiro, quem é que vai pagar a conta depois? Infelizmente, não tem como resolver isso sem diálogo. Não foque nos jogos de celular: ela vai se sentir vigiada e dificilmente vai largar esse vício de uma hora para a outra. Tente ser propositivo. Mostre o quanto vocês estão ganhando e o quanto gastam, para que ela entenda que não tem como sobrar dinheiro para ela. Mesmo que o casamento já esteja capenga, se vocês não lidarem com um problema grande como esse, dificilmente ele resistirá.

Sobre a Autora

Karin Hueck é jornalista e escritora. Foi editora da revista "Superinteressante", colaborou para alguns dos maiores veículos do Brasil e tem 5 livros publicados.

Sobre o Blog

Se Conselho Fosse Bom é uma coluna de conselhos sentimentais, existenciais e práticos. Está com problemas no trabalho? Sua família te enlouquece? Não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Mande as suas dúvidas para o se.conselho.fosse.bom@bol.com.br As respostas são 100% anônimas.